Você já ouviu falar na semiótica visual? É um conceito abrangente que leva em consideração a análise de imagens como se fossem verdadeiros signos. Ou seja, estuda a relação dos seres humanos com o que visualizam.
A semiótica visual é um subdomínio da semiótica que analisa a maneira como as imagens visuais comunicam uma mensagem. Pode ser usada para criação de rótulos adesivos, por exemplo.
Os principais benefícios desse conhecimento para o design de produtos incluem:
- Maior engajamento;
- Conexão emocional;
- Promoção de desejo pelo produto;
- Despertar do senso de necessidade.
É uma abordagem filosófica que busca interpretar as mensagens em termos de sinais e padrões de simbolismo. Se a semiótica é o estudo de signos e símbolos, então, a semiótica visual é o estudo de signos e símbolos que vemos.
Um especialista ou estudante de semiótica é chamado de semiótico. Os semióticos estudam como os signos são usados para transmitir significado e moldar nossas percepções da vida e da realidade.
Eles prestam muita atenção em como os sinais são usados para transmitir significado aos destinatários pretendidos e procuram maneiras de garantir que seu significado seja transmitido de forma eficaz.
Seu trabalho pode ter aplicações práticas na vida cotidiana, como projetar sinais de trânsito mais intuitivos e pesquisas de marketing mais fáceis de navegar, além de embalagem para sushi.
Os semióticos também estudam como as mensagens são usadas para influenciar o comportamento das pessoas, por exemplo, ao fornecer conteúdo educacional em sala de aula e ao gerenciar suas emoções em tempos de crise.
Mas o que é um signo?
Um signo, nada mais é do que uma coisa que simboliza ou significa outra. Por exemplo, você pode usar cores vermelhas para impressão em grandes formatos, o que representaria o sentimento de paixão ou raiva.
Os signos podem se apresentar sob três diferentes formas: ícone, símbolo e índice. Confira abaixo, o que cada um deles significa:
Símbolo
Um símbolo não tem semelhança entre o significante e o significado. A conexão entre eles deve ser aprendida culturalmente.
Não há conexão lógica entre um símbolo e o que ele representa. A conexão deve ser aprendida e geralmente se torna associada ao conceito que representa com o tempo.
Os semáforos são símbolos. Bandeiras são símbolos. O que está sendo comunicado, deve ser aprendido. Números e alfabetos são bons exemplos. Não há nada inerente ao número 9 para indicar o que ele representa. Deve ser aprendido culturalmente.
Convenções e padrões ajudam a fazer a conexão entre os símbolos e o que eles representam. Fornecer produtos promocionais para brinde pode se tornar um símbolo da sua empresa, por exemplo.
Outro exemplo pode ser um dia o ícone do hambúrguer. Não há nada sobre três linhas que sugiram automaticamente o menu, mas se os designers usarem consistentemente o ícone de hambúrguer, a conexão será eventualmente aprendida.
Um ícone ou índice também pode se tornar um símbolo com o tempo por meio da repetição.
Por exemplo, o disquete ainda é usado para representar o salvamento de um arquivo digital, mesmo que ninguém use mais disquetes e tenho certeza que muitas pessoas provavelmente nunca viram um.
Índice
Um índice mostra evidências do que está sendo representado. É um sinal que mostra evidências do conceito ou objeto que está sendo representado. Um índice não se parece com o objeto ou conceito que está sendo representado.
Em vez disso, se assemelha a algo que implica o objeto ou conceito. Um bom exemplo é usar uma imagem de fumaça para indicar fogo.
Uma coisa a ter cuidado com os índices é ter certeza de que a correlação entre o significante e o significado é compreendida por quem vê o sinal.
É seguro presumir que as pessoas sabem que fumaça indica fogo, mas duvido que a maioria das pessoas saiba que uma bola de beisebol lançada que parece ter um ponto vermelho é uma indicação de que o arremessador jogou um controle deslizante.
No entanto, um rebatedor da liga principal ou um fanático por beisebol que entende que a rotação do campo combinada com a costura vermelha na bola faz com que o rebatedor veja o ponto.
É um lembrete de que o interpretante é uma parte importante de um signo. Duas pessoas vendo uma bola de beisebol com um ponto vermelho podem ter duas interpretações diferentes do que está sendo comunicado.
Ícone
Um ícone tem uma semelhança física com o significado, a coisa que está sendo representada. Os ícones têm uma semelhança física com o que está sendo representado.
Uma fotografia é um exemplo de significante de ícone. Tire uma foto de balões para decoração de eventos e a imagem resultante será semelhante a esses balões.
Quando as interfaces de usuário foram criadas pela primeira vez, a maioria dos sinais eram imitações de objetos reais. Pense em documentos, pastas e impressoras.
É possivelmente por isso que nos referimos a todos os signos nas interfaces do usuário como ícones, mas os significantes originais usados eram ícones no sentido de que se assemelhavam ao que representavam.
A influência da semiótica visual no design de produto
Como vimos, a semiótica é um importante campo de estudo para o desenvolvimento de produtos. Confira agora, quais as principais aplicações e influência desse campo no design de produtos.
Produto transmitindo mais do que apenas conceitos
O primeiro aspecto que a semiótica vai influenciar é no significado do produto para o potencial cliente, ou seja, algo além do que apenas conceitos.
Nesse sentido, é importante que o designer tenha em mente qual a finalidade e para quais necessidades do cliente o produto será desenvolvido, deixando essas características bem evidentes.
Incutir motivação no produto
Além de demonstrar suprir as necessidades dos clientes, a semiótica fica responsável por motivar o cliente no momento da compra.
Para isso, o designer usa do conhecimento de paleta de cores e de comportamento humano a fim de melhorar o aspecto dos produtos e estimular a compra, seja por impulso ou por instigar o senso de necessidade.
Estabelecer algum tipo de conexão emocional
Como vimos, o designer deve usar da semiótica para provocar sentimentos no cliente e o estimular a comprar efetivamente. O uso de elementos de modo sábio, e das cores certas, permite que você desperte sentimentos e interesse pela marca.
Por exemplo, se você vende adesivos de parede personalizados, pensando em um público de alta classe social, o uso de tons pastéis mais voltados ao estilo minimalista podem compor uma boa estratégia.
Principais exemplos de sucesso da semiótica aplicada a marcas
Agora que você já sabe o que a semiótica é capaz de fazer e como influencia no design do seu produto, confira alguns pontos muito utilizados pelas grandes empresas para atrair um público específico de clientes.
Linhas, direções e formas
Se você analisar, marcas relacionadas a esportes usam de linhas diagonais para simbolizar algum tipo de movimento, de dinamicidade ou de prática de exercícios.
A Nike adota um símbolo de positivo, ou de marcação como concluído, com uma linha assimétrica e arredondada que indica a movimentação relacionada a esportes.
Por sua vez, a Adidas, traz um pouco de geometria com suas barras diagonais e crescentes, indicando uma subida de escada, por exemplo, que também implica em movimento.
A Puma traz um guepardo como símbolo, o qual também está em movimento. Dessa forma, a marca traz traços de velocidade por meio de um animal e não de desenhos.
A sabedoria no uso das cores
Todo bom profissional de design deve ter em mente o poder que as cores exercem na mente e sentimentos das pessoas, pois isso deve ser usado a favor da empresa durante o desenvolvimento de seus produtos.
Cores como azul e branco são capazes de despertar paz e calmaria, enquanto tons mais vibrantes, como vermelho e laranja, despertam certo grau de impulsividade. As cores podem funcionar como um tipo de sinalização de segurança e deixar os clientes atentos.
Marcas do ramo alimentício sabem muito bem disso e usam muito as cores vermelho e amarelo para suas campanhas. Isso porque já foi demonstrado que esses tons despertam a sensação de fome e de certa impulsividade de compra nos clientes.
Minimalismo dentro das marcas
Em muitos casos, o “menos é mais”, o que é um preceito básico do minimalismo, que visa maior funcionalidade e menos “enfeite”. Isso pode ser identificado nas etiquetas para produtos, nos anúncios e no próprio produto.
Algumas marcas, especialmente as de produtos de limpeza de pele, de corpo ou da casa usam apenas o nome com alguns acabamentos diferenciados, que repassam a sensação de algo mais suave ou clean (limpo).
A Gillete, por exemplo, traz apenas a palavra que carrega a marca, com alguns traços lembrando a lâmina de barbear. Além disso, ao redor do símbolo o fundo é branco, lembrando a espuma de barbear, a qual também é um produto da empresa.
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